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Moda & Style

por Joana Freitas

Moda & Style

por Joana Freitas

 

À cerca de duas semanas atrás, fiz um pedido no facebook do blog a pedir sugestões de “temas psicológicos” a serem desenvolvidos no mesmo. Hoje, com base num desses pedidos, vou falar-vos sobre bullying, apesar de este já ter sido uma questão debatida por aqui. Vou abrir-vos o coração e falar-vos um pouco sobre mim e o que eu passei na minha adolescência. Quero-vos mostrar que ninguém está livre de ser destas agressões asquerosas, mas que, com vontade de lutar, conseguimos levantar a cabeça e seguir em frente!

Eu sempre fui uma criança e, seguidamente, uma adolescente com uma altura fora do comum. Na minha infância nunca me lembro de ter sido gozada nem humilhada pelo tal, mas quando entrei para a adolescência (nomeadamente a partir do 7º ano), comecei a ser alvo de troças constantes por ser alta e desproporcional. Ao ouvir, dia após dia, as mesmas provocações reles, optei por me isolar socialmente e escolhi a biblioteca pouco frequentada da minha escola para passar os meus intervalos, sozinha. Não fazem noção das vezes que eu desejava ser uma rapariga de estatura mediana, para me puder encaixar melhor e ser aceite. Comecei a atribuir culpas à minha altura pelos azares constantes e pela minha solidão. Davam-me alcunhas de “gigante”, “pinheiro” e cheguei a ouvir nomes bem piores, acreditem. Era horrível ir todos os dias às aulas e ninguém me dirigir a palavra, talvez por terem vergonha de serem vistos a comunicar com a “estranha”.

No 9º ano, com a mudança de turma, conheci umas pessoas novas que começaram a notar o meu isolamento e começaram a puxar conversa comigo, a interessar-se pelos meus gostos…penso que foi a primeira vez que vi alguém genuinamente interessado em fazer amizade comigo! Quando me perguntaram os motivos pelos quais eu escondia-me constantemente, eu confessei-lhes que as pessoas repugnavam-se com a minha aparência física, que faziam chacota quando eu passava nos corredores. Confessei-lhes que não era fácil ter 1,85m de altura e não me sentir aceite em lado nenhum. Uma das raparigas que estava presente nesta conversa disse que me ajudava a combater as pessoas que me destruíam a autoestima e sugeriu que eu começasse a ter mais cuidados com a minha aparência física (cortei o cabelo pela primeira vez em três anos), comprar roupas novas e modernas, apropriadas a pessoas altas como eu e rir, porque era o melhor remédio para a alma e a melhor arma que tinha para combater os outros. Lembro-me que no verão antes de entrar no 10º ano, fiz uma mudança de 180 graus e, no primeiro dia de aulas, surgi com uma indumentária atual e jovem e o melhor, na altura: com um namorado ao meu lado. Muitos nem me reconheceram e outros optaram por olhar para os próprios pés quando eu passava no corredor. Até os meus professores mal me reconheceram! O Secundário mostrou-me que ter uma altura fora do comum não é necessariamente uma coisa má e que as pessoas que faziam troça de mim, hoje não tem nem metade das coisas que eu tenho. Existem poucas, mas boas pessoas, que ainda sabem apreciar diferenças e ainda bem que eu as conheci, para puder sair da concha e mostrar ao Mundo quem eu realmente era. Apesar de ter deitado muitas lágrimas por pessoas idiotas e sem escrúpulos, isso tornou-me mais forte e permitiu-me perceber que os sujeitos que faziam pouco de mim não tinham essência alguma e não passavam de um bando de ovelhas comandadas por um pastor. Fiquei feliz por saber que eu era diferente deles e, desta forma, comecei a aceitar o meu corpo e fazer proveito dele. E sorrir, todos os dias, para afastar os fantasmas e os que nos querem ver mal.

 

P.s.: Continuem a sugerir "temas psicológicos", aqui ou no facebook. Aguardo pelas vossas palavras e, já agora, a pessoa muito sorridente ali em cima sou eu.

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